Queria dizer que fiquei contente com a recepção do post aqui e no facebook e espero que continue assim. Aos que não concordarem com alguma coisa, sintam-se livres para dar suas opiniões (com argumentos válidos, de preferência) e eu os responderei assim que possível.
Continuemos...
Expulsivo:
- Prefiro que o bebê nasça no quarto, não numa sala cirúrgica;
- Quero parir na posição que mais me agradar ou der vontade na hora do expulsivo, NÃO quero posição de litotomia (posição ginecológica) e nem pernas amarradas;
- Quero fazer força somente quando sentir vontade, não quero ser guiada ou pressionada;
- Prefiro luz baixa e ambiente calmo;
- Não quero episiotomia;
- Não quero manobras para a saída do bebê (kristeller e outras);
- Quero meu bebê imediatamente no meu colo após o nascimento;
- Quero amamentá-la logo em seguida;
Obs: expulsivo é o período do parto em que o bebê efetivamente nasce. (leia sobre essa fase aqui)
A este ponto a mulher está super exausta e louca pra acabar logo com tudo isso, ao mesmo tempo que possivelmente preocupada com o bem estar do bebê caso o trabalho de parto tenha levado muitas horas. Sem falar da equipe que certamente está ainda mais impaciente.
Se eles já se meteram antes com maneiras de acelerar a dilatação, é claro que vão se meter agora também pra acelerar a passagem do pequeno pra esse mundo; só é irônico que eles mesmo se atrapalham quando já começam errando no mais básico da coisa, a posição da mulher.
"A posição de litotomia é a posição menos recomendada para o parto, porém é a mais comum. Nessa posição, a mulher fica deitada de barriga para cima e coloca as pernas para cima (em estribos ou segurando as pernas) na hora de fazer força. É a posição mais comum porque é a que permite a melhor visualização da área pelo médico e uma maior área de manobra (...) Essa posição não favorece o trabalho de parto, pois o peso do bebê fica apoiado nas costas da mulher, comprimindo seus vasos sanguíneos, ao invés de pressionar o colo do útero para favorecer a dilatação. Essa posição obriga a mulher a parir seu filho para cima, contra a gravidade, o que exige que faça mais força e, por estar puxando as pernas para cima, seu períneo fica mais esticado, aumentando as chances de laceração. Além disso, nessa posição, o cóccix da mulher fica apoiado na cama, o que atrapalha a correta dilatação dos ossos da pelve." [x]
Dar autonomia para a mulher ter livre movimentação e experimentar outras posições, mesmo que no final ela acabe nessa mesmo, é fundamental para o avanço dessa fase. Eu ainda não sei em qual posição eu vou estar quando tudo terminar, mas com certeza vou ser esperta e usar a gravidade ao meu favor e ficar em vertical em algum momento na hora de fazer força.
O que nos leva a outro item...
"Os puxos são aquela vontade natural de começar a fazer força quando o trabalho de parto chega no período expulsivo, ou seja, a dilatação está completa e o bebê está pronto para sair. É um processo completamente natural e independe da vontade da mulher, isto é, mesmo que queira, uma mulher não consegue fisicamente impedir que seu bebê nasça (...) Instigar a mulher a fazer força antes da hora é, além de inútil, doloroso, prejudicial e cansativo. A parturiente precisa concentrar suas energias e deve ser deixada à vontade para fazer força quando e se sentir necessidade. Puxos precoces e/ou dirigidos aumentam o risco de laceração (machucado no períneo), fazem com que a capacidade de oxigenação da mulher e, por consequência, do bebê, diminua, o que pode ser arriscado, causar tonturas e mal estar." [x]
Vai! Agora, empurra! Força - outra cena clássica e dispensável de filmes e novelas. |
O puxo guiado te faz gastar mais energia, na hora errada e consequentemente passar a impressão de que seu tp foi mais sofrido (e foi mesmo, só que por um erro do profissional envolvido).
E nessa linha de procedimentos que eles defendem como uma forma de ajudar o bebê a sair, tem duas intervenções que eu particularmente considero as piores: episiotomia e a manobra de kristeller.
"Praticada em cerca de 80% dos partos, quando o ideal seria em 20%, a incisão está na mira das autoridades de saúde desde que a Medicina Baseada em Evidências provou que, na maioria dos casos, não protege nem a mãe nem o bebê. Ao contrário, seria responsável por um número maior de infecções pós-operatórias, hemorragias e até rebaixamento da bexiga.
Esse último seria um dos fatores que levam à incontinência urinária na maturidade e ocorre porque o obstetra dificilmente consegue recompor a região pélvica como antes" [x]
A Organização Mundial da Saúde indica recorrer a episiotomia em casos de sofrimento fetal, progressão insuficiente do parto e iminência de laceração de 3° grau, no entanto, médicos realizam o corte quase que mecanicamente e sem o consentimento da gestante, e por ser uma prática tão rotineira - somado a falta de informação da grande maioria das mulheres -, muitas acreditam até que se trata de um procedimento "normal" e necessário, mas não, não é. Normal são as lacerações que podem ocorrer naturalmente no períneo, sendo que estas curam muito mais rápido por serem mais superficiais e podem ser evitadas ou amenizadas com exercícios e massagens na área durante a gestação.
Pra quem não tá assimilando termo ao ato, consiste na aplicação de pressão com as mãos/braços no fundo do útero, sobre a parede abdominal. Tenho certeza que você já ouviu alguém contando uma história de que o médico ou a enfermeira "subiu" em cima da mulher e apertou a barriga pra empurrar o bebê. Então, é isso.
"A manobra de kristeller é reconhecidamente danosa à saúde e, ao mesmo tempo, ineficaz, causando à parturiente o desconforto da dor provocada e também o trauma que se seguirá indefinidamente
Essa manobra é proibida em alguns países e não é recomendada pela OMS, pois além de ser uma violência com mãe e bebê, pode prejudicar o assoalho pélvico, o períneo, causar inversão uterina, ruptura uterina, e uma série e complicações no parto e pós-parto, podendo inclusive causar a morte materna ou fetal. NÃO É INDICADA em caso algum! " [x]
Bom, ok. Pari, bebê nasceu, dor parou, que coisa linda, uhul! Tem mais? TEM.
Agora é preciso correr atrás do respeito e singularidade para o bebê, pois como se já não bastasse a robotização nos procedimentos sofridos durante o trabalho de parto, a gente também encontra este problema aqui, nos primeiros minutos e horas de vida do seu projeto de gente. E porque não começar pela recepção, nos primeiros segundos?
Pode parecer insignificante, mas faz sim diferença para o seu filho/a o ambiente em que ele chega; Lembre-se que o bebê ficou nove meses aconchegado num espaço calmo e quentinho! Imagina você despertar num mundo barulhento, agitado, com uma luz cegante e num cômodo refrigerado a menos de dezoito graus quando você está acostumado a trinta e seis? Não custa um pouco de sensibilidade, né!?
No entanto, nada é mais importante nos primeiros minutos de vida da criança (e para a parturiente também) do que nascer e ir direto para o colo da mãe. Sabe-se hoje que esse momento é tão significante que até o Ministério da Saúde determinou essa medida por aqui ano passado.
O contato pele-a-pele do recém nascido com a mãe tem vários benefícios físico e psicológicos para ambos, bem como a amamentação na primeira hora de vida. A mulher recebe um coquetel de hormônios nesse momento (responsável pelo processo de vínculo), e o aleitamento faz com que o útero se contraia, ajudando na expulsão natural da placenta.
"Esse primeiro leite, mais rico em anticorpos, é praticamente uma vacina contra micro-organismos que podem atacar o bebê. (...) Temos estudos que já mostram muitos benefícios relacionados a esse contato inicial entre mãe e filho, como reduzir o risco de infecções e também de melhora da autoestima da mulher." [x]
"Amamentar os bebês imediatamente após o nascimento pode reduzir consideravelmente a mortalidade neonatal (a que acontece até o 28º dia de vida) nos países em desenvolvimento. Um estudo indica que é possível evitar 16% das mortes neonatais por meio da amamentação desde o primeiro dia de vida da criança, taxa que pode aumentar para 22% se o aleitamento materno começar na primeira hora depois do parto. " [x]
Após o Parto:
- Quero a expulsão espontânea da placenta;
- Bebê comigo o tempo todo, mesmo para avaliação ou exames, caso seja necessário levá-la, o pai irá junto;
- Aceito injeção de ocitocina para evitar hemorragia;
- Se houver laceração natural, quero anestesia local, sutura endodérmica;
- O pai cortará o cordão umbilical após este parar de pulsar, se ele não desejar, eu mesma quero fazê-lo.
Concluo essa parte com pedidos simples, mas que vale a pena ressaltar porque são costumeiramente desrespeitados em alguns hospitais, especialmente se a mulher não se impor.
Todos os exames realizados quando o bebê nasce podem ser feitos com ele no colo da mãe, e alguns se quer precisam ser executados assim tão imediatamente. Desta forma também fica mais fácil de analisar o que está sendo feito com o bebê, e especialmente, como está sendo feito. (Falo isso porque se você pegar alguns vídeos pra ver, salve exceções, possivelmente vai se assustar com a forma quase que agressiva que pegam e conduzem os procedimento avaliativos com o neném.)
Sobre o cordão umbilical, é comum que se clampeie/corte logo quando o bebê nasce, porém...
"Se o corte é feito logo que o bebê sai, claro que ele vai dar aquele choro forte na hora, pois ele é obrigado a expandir os pulmões se não ele fica sem oxigênio! Além de também ficar sem o aporte sanguíneo que ele naturalmente deveria receber, que fica preso na placenta. Um desperdício! O bebê ganha cerca de 100 ml a mais de sangue pelo cordão umbilical até o 3o minuto de vida, o que é um volume considerável para um bebê. E esse aporte sanguíneo previne anemia no primeiro ano de vida. Há evidências suficientes para que aconteça a mudança na prática. Uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde é o corte tardio do cordão umbilical." [x]
Com mais essa, eu me pergunto - embora já saiba a resposta: " Pra quê a pressa, doutor?" |
Obs: Não escrevi ali no plano de parto porque ainda estou realizando pesquisas de como proceder sobre isso, mas meu desejo é doar a placenta/cordão umbilical. Se devidamente preservado, ele pode ajudar na cura de pacientes com doenças hematológicas (bem como utilizado em pesquisas com células-tronco), e como o cordão é descartado na sala de parto, seria um super desperdício.
(...)
Previsão para a última parte: 25/01
Muito bem, Ingrid. está seguindo por um bom caminho, prevenindo assim uma onda de sofrimento pra você, e pra Eva também. Ninguém merece nascer e vivensiar diversos tralmas em seus primeiros minutos de vida. se todas as mulheres tivessem as informações nescessárias de como proceder, não haveriam tantas violências com elas e com seus filhos, e porque não dizer das mortes? vamos ver se um dia esse país muda...... bjs! http://superandoopreconseito.blogspot.com
ResponderExcluirEstou adorando poder acompanhar seus planos para seu parto, até porque preciso terminar de planejar o meu também. Ainda tem muita coisa pra ser planejada e pouco tempo para conseguir fazer tudo kkk. Sei que ainda tem um mês, um pouquinho mais até, mas passa tão rápido. Se esses nove mêses passaram voando, o que é um mísero mês?
ResponderExcluirBeijos
http://vidasempretoebranco.blogspot.com
Nossa, você escreveu tudo que eu escreveria!
ResponderExcluirTudo isso é o que eu queria pra mim também.
Quando eu falo que quero parto normal e "parir que nem india, na beira do lago", todo mundo me olha com cara de "WTF?!" -.^
E eu com cara de "Qual o problema? O filho é meu, a dor é minha, o momento é meu e eu quero assim..."
Mal posso esperar pra ver a Eva! E ler os seus relatos de parto, claro!
Lara Torres - A Raposa Branca
www.araposabranca.com